Especialistas debateram a Gestão da Saúde em Congresso promovido pela FMUP

Especialistas debateram a Gestão da Saúde em Congresso promovido pela FMUP

Especialistas nacionais e internacionais, profissionais de saúde, gestores hospitalares e decisores políticos marcaram presença no I Congresso Nacional de Gestão da Saúde – Da Responsabilidade individual ao compromisso coletivo, organizado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), nos dias 10 e 11 de outubro.

Integrado nas celebrações do Bicentenário da FMUP, este Congresso contou com o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) do Brasil. Entre os participantes evidenciaram-se Francisco Rocha Gonçalves (secretário de Estado da Saúde), José Torres da Costa (presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos), Pimenta Marinho (presidente da Entidade Reguladora da Saúde), José Hiran Gallo (presidente do Conselho Federal de Medicina do Brasil) e, por mensagem, Duarte Nuno Vieira (presidente da Academia Nacional de Medicina).

Na cerimónia de abertura, o diretor da FMUP, Altamiro da Costa Pereira, deu as boas-vindas aos convidados e à assistência, reconhecendo a presença de “pessoas empenhadas na reforma urgente na gestão da saúde”.

“Estamos perante uma nova cultura na saúde. Está em causa a necessidade de se promover a eficiência do ponto de vista económico, através da adequada gestão de recursos financeiros e de meios humanos e materiais, determinante para a estabilidade social dada a atual falta de sustentabilidade”, afirmou Guilhermina Rego, copresidente do evento, juntamente com Rui Nunes, ambos da FMUP, escola com uma longa tradição no ensino e na investigação em gestão, liderança e economia da saúde.

Pimenta Marinho, presidente da ERS, confessou preocupação e apreensão e concordou com a necessidade de “potenciar a articulação entre as boas práticas de gestão empresarial, gestão clínica e prevenção ativa, assente na evidência e na valorização dos profissionais”, afirmando que “os hospitais e os centros de saúde não existem para dar lucro, mas para resolver os problemas das pessoas”.

O presidente da SRNOM e professor da FMUP, José Torres da Costa, disse querer “empurrar a sociedade médica para a frente e fazê-la evoluir”, dando todo o apoio a formações que a FMUP realize nesta área, sobretudo para médicos mais novos, para entrarem “no racional e no léxico da gestão e estabelecerem pontes” com outros profissionais.

Duarte Nuno Vieira, que lidera a Academia Nacional de Medicina, viu esta iniciativa como “particularmente oportuna e necessária” para garantir que a gestão da saúde cumpre a sua missão. “Torna-se imperativo pensar a gestão como um instrumento estratégico de inovação, eficiência e humanização. A gestão é um dos pilares fundamentais para garantir que a saúde funciona de forma eficiente, justa e sustentável”.

Para Rui Nunes, presidente do evento e professor da FMUP, são muitas as questões que colocam em causa a sustentabilidade da saúde, sendo fundamental encontrar estratégias para que o direito universal à saúde se concretize. Isto não está a acontecer. Este Congresso tem a missão espinhosa de pensar, de uma forma científica, na gestão da saúde. Nesta edição, os cuidados paliativos estiveram em destaque e, numa próxima, deverá estar a saúde mental.

O presidente do Conselho Federal de Medicina do Brasil, Hiran Gallo, confirmou que os problemas são comuns do outro lado do Atlântico, apontando alguns dos desafios atuais, como “o novo paciente, mais informado e mais autónomo”. Até junho de 2025, a justiça brasileira acumulava mais de 925 mil processos na área da saúde, como demora nas listas de consulta e dificuldades de acesso a medicamentos e a tecnologias. Com 490 cursos de medicina e mais de 700 mil médicos, os baixos salários têm empurrado os profissionais brasileiros para o setor privado. Em seu entender, cabe à gestão da saúde traçar caminhos novos para o futuro da saúde, com uma saúde de qualidade e uma medicina segura e valorizada. 

Francisco Rocha Gonçalves, secretário de Estado da Saúde, referiu a sustentabilidade, a continuidade de cuidados, a resiliência, a otimização dos custos, a garantia de cuidados equitativos, a integração de dados e a modernização, e a diminuição dos tempos de espera como alguns dos temas cuja discussão se impõe.

“A FMUP, ao longo de 200 anos, é uma referência. Estamos a formar decisores, o que acentua a necessidade de um trabalho multidisciplinar, que já acontece”, referiu, destacando a nova licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica (SauD InoB) e o Programa de Administração e Avaliação em Saúde”, indicou o também professor da FMUP.

Desta iniciativa e da sua Faculdade disse esperar contributos para pensar os modelos de organização, os novos modelos de financiamento, integração de cuidados, recursos humanos, valorização das carreiras, liderança “com alma e humana”, transformação digital e modernização do sistema, avaliação da inovação, entre outras questões, no sentido de “uma gestão eficiente, equitativa e centrada nas pessoas”.